17.7.10

Querido Bem,




Espero que após sua recaída infernal, você tenha tomado algum juízo além de vinho e veneno…E tomara que toda essa extravagância não tenha atacado a sua gastrite. Confesso que fiquei surpresa ao abrir a caixa do correio e ver uma carta com seu nome no remetente. Aqui é verão, o calor aquece tudo à sua volta, inclusive meu coração. Estou voando feito borboleta, as cores do arco-íris embelezam minhas tardes. O céu tem um azul celeste divino, suas estrelas iluminam meus pensamentos e sobre a luz da lua brindo à vida. Ah, quanto ao seu pedido…Ficarei olhando para o céu de cetim, onde muitas vezes mergulhei entre as nuvens de gelo…Pode ter certeza, faço isso sempre. Foi dessa forma que redescobri o segredo de ser feliz independente de qualquer dor ou desamor. Meus lábios costumam abrir um sorriso todas as manhãs e ao anoitecer eu danço com as estrelas…Não pense que foi fácil. Mas resisti à tudo e hoje. Resisto e existo sem você…Não, eu não estou sendo fria, irônica ou insensível. É que hoje em dia meu coração escuta a voz da razão. É Bem…Você ficou muito tempo do outro lado do mundo. Enquanto eu criava histórias e melodias, você partia. Aos trancos eu me acostumei. A saudade eu já matei. O que resta são lembranças de um tempo que não volta. E quanto ao pedido de perdão acalme sua alma. Eu não tenho o poder de absolver ninguém. Mas, sinta-se perdoado, se é este seu desejo…E voe feito pássaro, para longe…



Ju Fuzetto

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- E o que você faz com as cartas que escreve?
- Guardo. A sete chaves. Um dia talvez possa
entregá-las pessoalmente.

Caio F.